Cirurgia

Introspecção

substantivo feminino 
1 reflexão que a pessoa faz sobre o que ocorre no seu íntimo, sobre suas experiências etc.
2 (1926) Rubrica: psicologia.
observação e descrição do conteúdo (pensamentos, sentimentos) da própria mente
Olhar pra si mesmo é algo sempre revelador.  Se conseguirmos nos enxergar, é claro!  Esta semana tive uma visão de mim mesmo que evitava enfrentar há algum tempo: estou muito descuidado comigo.  E precisei de uma “visão literalmente de dentro” para perceber isso. Um belo e revelador cateterismo.

Saí de um cateterismo com um diagnóstico muito pior do que o previsto. Uma situação inesperada, até mesmo para o meu cardiologista, que confessou não esperar por um diagnóstico tão negativo.  Mas, não! Não estou desenganado.  Apenas não vou ter como escapar de uma cirurgia cardíaca.  Mas o importante é que eu percebi que não tenho cuidado de mim como deveria.

Algumas veias entupidas por puro descuido com o próprio corpo.

Sempre posterguei minhas atividades físicas, deixando para um eterno amanhã voltar para a academia, para o basquete, para a bicicleta.  Na juventude sempre gostei de atividades físicas.  Ando de bicicleta desde os sete anos.  Fazia “mountain bike” na década de 60, pelos “lenheiros” da Companhia Melhoramentos, dez anos antes de inventarem essa modalidade na California. Down-Hill quase todo dia.  Jogava basquete e me destacava, chegando a jogar numa seleção do interior. Nas atividades físicas do exército, tinha algum destaque.

De repente, parei.  Ao sair do Exército, nunca mais. Nem bicicleta, nem musculação, nem corrida, nem basquete.  Puro sedentarismo. De atividade física, só a caminhada restou.  Mesmo assim, nada regrado. Nada consistente.

Agora vou pagar o preço.  Trinta e cinco anos depois, enfrentando uma calcificação óssea leve, que me rende uma fisioterapia de vez em quando, descubro que o coração está precisando de uma “recauchutagem”.  Nada que umas veias da perna ou das mamas não resolvam. Então, agora vou enfrentar o calvário que já percorri algumas vezes na vida: enfrentar uma rotina de exames, cirurgias, convalescênças e recuperação. Não que o sucesso seja certo, mas é pelo que lutaremos daqui para frente.

Mas o problema físico não é o mais importante agora.  O que realmente eu percebi é que tenho feito muita coisa com desleixo. Deixando muita coisa para o eterno amanhã.  Então preciso mudar, por que de certeza mesmo, só tenho o hoje.  Não foi só o físico que eu deixei de lado.  Larguei muitas metas que tinha estabelecido para retomá-las amanhã.  Deixei muitas decisões para amanhã.  Deixei muitas realizações que pretendia alcançar para amanhã.

Agora, não pretendo pegar a minha “Bucket List” (como no filme “Antes de Partir”) e começar a fazer tudo como se fosse morrer amanhã.  Não é o caso. Não é importante o que se quer fazer antes de morrer.  É importante se FAZER BEM FEITO o que se fizer ANTES DE MORRER!  E eu pisei na bola em muitas coisas.  Deixei muitas coisas de lado.

Assim, percebi que não se pode deixar de lado coisas importantes e fundamentais para nossa vida e para a vida daqueles a quem amamos.  Cuidar de mim é cuidar daqueles que me amam.  E percebi isso durante o cateterismo, pois estavam todos lá, a minha volta, me dando apoio.  Torcendo por mim. O carinho dessas pessoas me fizeram enxergar a minha importância para eles. Uma coisa que a gente não se dá conta no dia-a-dia.

Foi muito bom perceber isso, olhando para dentro de mim!  Com todos a minha volta!

Agora é lutar para que tudo acabe bem.  Por que, se não está bem, é por que não acabou ainda! (parafraseando Fernando Sabino)

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