Este foi um ano para não se esquecer. E não estou falando do meu país, do fim da crise, da escolha do Rio para sede das Olimpíadas, do final da dívida externa, do empréstimo ao FMI. Nem pretendo lançar uma frase que comece com “nunca antes na história…”. Este é um ano para “EU” não esquecer! É uma questão pessoal!
Entre as minhas muitas conquistas deste ano, voltei para a escola. Depois de 25 anos dando aulas, volto a sentar no banco do aluno. Diga-se de passagem, para AS ESCOLAS. Sim! Estou fazendo mais de uma. Estou fazendo Graduação em Administração, que pretendo terminar em dezembro de 2012 (lá por volta do fim do Mundo!) e de quebra comecei um curso de tecnologia em Gestão de TI. Este último pra terminar em junho de 2011 (Esse diploma vai dar tempo de usar!). E para colocar a cereja no bolo, a empresa onde trabalho investiu pesado em minha formação de “especialização”. Não foi pouco. Foram vários cursos que tenho até dificuldade de avaliar o investimento. Sem falar na avaliação de quanto esperam de retorno por esse investimento. Afinal, não foi pelo meus belos olhos verdes (os quais, diga-se de passagem, são castanhos!) que investiram tanto. Terei que dar lucro, no final.
Mas 2009 foi também o ano em que comecei a pagar uma dívida antiga com meus filhos e minha esposa. Durante muitos anos eles me apoiaram nos meus devaneios “pseudo-empresariais”, de “consultor de muito prestígio e pouco serviço” ou de “professor mal-remunerado”. Eles sempre estiveram ao meu lado. Nas horas mais críticas me deram apoio. Dividiram todo o custo das minhas decisões e jamais me pediram para não tomá-las. Ou para voltar atrás. Nunca me aconselharam a desistir, nem reclamaram de nada.
E, quando tomei a decisão de mudar minha postura, ainda no começo de 2008, eles nada disseram. Foi iniciativa minha. Simplesmente resolvi procurar um emprego, desses normais, com carteira assinada e plano de saúde. Iria deixar minha longa carreira de consultor independente (que é um eufemismo para especialista desempregado, segundo as más linguas!).
Diante dessa minha decisão, minha família apenas continuou firme, como sempre fez, como se essa fosse apenas mais uma decisão a ser enfrentada. E eu finalmente pude dar a eles duas coisas que eles não tinham há muitos anos: perspectiva e segurança. E isso só foi possível por que eu tive a humildade de retroceder, buscar lá atrás na minha origem minha formação original e recomeçar minha carreira do básico, do essencial.
E mesmo essa origem é questionável, já que consegui um emprego como analista de sistema, e analista de sistemas eu nunca fui. Nem estudei pra isso. Já fui engenheiro de produto, analista de negócios, editor técnico, marketeiro, desenvolvedor mas analista, com todos os requisitos acadêmicos necessários para a função, não. Nunca! E percebi isso na prática, logo nos primeiros dias da nova função. No começo, o único que acreditava que eu conseguiria era o Marcos, esse louco que me contratou!
E é exatamente no meu crescimento nessa função que entra 2009, o ano em que eu me identifiquei dentro de uma equipe que me aceitou sem preconceitos. Até o final de 2008 eu ainda tinha lá minhas dúvidas sobre o meu sucesso nessa função. Afinal, além do despreparo, eu era pelo menos 20 anos mais velho que o mais velho da equipe e mesmo assim fui aceito sem nenhum problema por todos. No começo foi difícil. A tendência de ficar pedante dando palpite em tudo é um defeito que tenho problemas de contornar. Acabo parecendo “metido”. Mas em 2009 tive a certeza de ter-me encaixado na equipe, ter conseguido me consolidar como profissional nesse mercado competitivo e assim ter tranquilidade para planejar os próximos anos. Ninguém me achou um velho chato, ou me tratou como tal. Nem fui isolado das conversas “joviais” da “turma”!
E como resultado, chego ao final de 2009 com uma sensação incrível de sucesso, de etapa cumprida e, de quebra, me sinto bem mais jovem que meus 50 e tantos anos! Mas não aquela juventude ridícula do senhor de meia-idade que tenta recuperar a ‘juventude perdida”. Que tenta se parecer mais jovem. Que pinta os cabelos, usa roupas de grife e tenta algumas “gírias da moda”. Até por que não perdi minha juventude. Realizei muito nela, a começar pela incrível família que já citei neste post. Aproveitei muito. Mais do que deveria. Se tem uma coisa que não quero reviver é a experiência que já tive. Não! É o novo que me motiva!
A sensação de juventude que sinto atribuo ao ambiente jovem em que vivo. Acho que foi osmose! As piadas são bobas, quase um pastelão! O pessoal tá muito mais pra Simpsons do que pra Woody Allen. Os assuntos são diversificados. Pode se falar de filosofia, hermetismo, grifes, carros de luxo, cinema, futebol, tv, tudo entre um pastel e uma bomba de chocolate. Essa nova geração é de uma diversidade estonteante.
E eu, do alto dos meus 50 e tantos (ou seria “debaixo deles”?!?) tenho o privilégio de poder observar toda essa nova geração se formando e me reciclar com ela a cada dia, profissional e pessoalmente, e ainda ter a chance de, como eles, fazer planos para o futuro.
Talvez eu não venha a ter outros 50 anos para continuar a aproveitar isso tudo. Mas espero ter, pelo menos, outros tantos!
Feliz 2010!